Sou quase mulher - parte 1
VOU CONTAR A MINHA HISTÓRIA MANTENDO O ANONIMATO. NUNCA PUDE EXPOR MEU CASO A NINGUÉM A NÃO SER AOS MEDICOS E PSICÓLOGOS. É UM DESABAFO. TALVEZ POSSA SER ÚTIL A PESSOAS QUE TÊM PROBLEMA PARECIDO COM O MEU. SE NÃO FOR ÚTIL A NINGUÉM MAIS, FOI BOM PARA MIM CONTAR TUDO...§ Tenho 18 anos e nasci com a má-formação chamada hipospádia combinada com hipoplasia peniana (micro-pênis). Isto é: a uretra era aberta em toda a sua extensão. Minha urina saia pela base do pênis, que além de tudo era muito pequeno, pouco mais de um botão de pele. Logo após meu nascimento meus pais me levaram à capital onde vários exames foram feitos por especialistas. Disseram que, na época, nada podiam fazer, mas que aos 6 ou 7 anos deveria iniciar tratamento incluindo o re-direcionamento sexual. Adiantaram que eu teria mais chance de ser feliz na vida se minha criação fosse como menina do que como menino. § E assim foi feito. Apesar de registrado como menino, minha criação foi de menina. Como nasci de pais já idosos, e não tive irmãos, isso facilitou as coisas. Sempre usei vestidinhos e só ganhava bonecas e brinquedos de casinha. Evitavam que tivesse amiguinhos ou amiguinhas e desde cedo recebi orientação para não deixar ninguém me ver sem roupas, ou me ver urinar. Para urinar eu tinha de me sentar na privada, empurrar o saquinho para trás e me curvar para a frente, encostando meus ombros nos joelhos. Era complicado mas era o jeito de não me molhar. § Quando entrei para a escola, tudo foi facilitado pela diretora, minha tia. Em minha matrícula constava ser menina. Poucas e escolhidas pessoas amigas sabiam da verdade e foram cúmplices da situação. Muito ajudou o então pastor de nossa igreja, homem esclarecido e de grande cultura que confortou meus pais dizendo que o Senhor estava expondo nós três a provações para nos testar, como no capítulo de Jó. § Deveria iniciar meu tratamento na capital aos 6 anos, mas meu pai teve vários problemas de saúde nos próximos 3 anos acabando por falecer. E somente aos 10 anos o tratamento foi iniciado. Por essa época minha cabeça estava meio confusa: apesar de me vestir como menina e de ter educação de menina, eu tinha vontade de jogar futebol com os meninos, soltar pipa e me enturmar com eles. Os médicos disseram que era ação dos hormônios masculinos da pré-puberdade e aconselharam a retirada dos meus testículos, ou seja, a castração. Meus testículos e o escroto, segundo os médicos eram de menino normal da minha idade. Só o pênis é que tinha o tamanho de uma azeitona média. A cirurgia foi feita a seguir, e removeram os testículos. Não senti nenhum desconforto salvo um dolorimento na região nos 3 ou 4 primeiros dias. Achei estranho, logo que tudo cicatrizou, o meu escroto completamente murcho. A pele dele não foi retirada para ser usada nas etapas seguintes. Passei a tomar baixas doses de hormônio feminino, e a vontade de brincar com meninos passou. § Aos 12 anos os hormônios foram aumentados, começaram a nascer os primeiros pelos na virilha e nas axilas, minha voz engrossou ligeiramente e os meus peitinhos começaram a aumentar e a ficar meio doloridos. Meu corpo começou a ficar mais arredondado, engrossando as coxas e as nádegas. Os médicos haviam advertido minha mãe e a mim que era provável que os hormônios não me permitissem crescer muito, o que nunca me preocupou já que ambos meus pais não eram altos. Até então jamais tivera qualquer atividade sexual. Por essa época verifiquei que acariciar os bicos dos meus seios, minhas coxas, nádegas e ânus e, sobretudo, o meu minúsculo pênis era causa de prazer, embora nunca conhecesse um orgasmo verdadeiro. O meu escroto vazio, por essa época havia diminuído muito e o pintinho não aumentara de tamanho. § Aos 13 anos meu corpo era o de uma mocinha da mesma idade, e pela primeira vez comecei a freqüentar piscinas usando um duas-peças, embora minha mãe não desgrudasse de mim um minuto, o que inibia a aproximação dos rapazes. § Logo após fazer 14 anos fui submetida a cirurgias em seqüência, na qual transformaram a pele do meu saquinho numa vulva (boceta), a glande do meu pênis num clitóris e parte da pele do saquinho foi convertido na minha vagina. Minha uretra foi reposicionada de modo que podia urinar como uma mulher normal. Essas cirurgias foram muito desconfortáveis e dolorosas. O pior de tudo é que na primeira fase introduziram um balão de silicone vazio no meu escroto, e depois de 1 mês começaram a injetar soro nele a cada 2 dias até que ficasse do tamanho de melão pequeno. Era necessário para aumentar a pele do saquinho para ser usada nas demais plásticas. Nesse período tinha dificuldade para andar, para sentar e até para urinar. Era difícil fazer isso tudo com o tal balão cheio de soro. Na fase final, a pele ficou finíssima e meio transparente. Para sair tinha de por uma saia bem folgada e ainda amarrar blusa meio solta na cintura para disfarçar o tal balão. E tudo sem poder usar calcinha... Outro desconforto foi depois das cirurgias, quando retiraram a sonda da uretra. Levei quase dois meses usando fraldão devido a ter perdido o controle da urina. Aos poucos voltou ao normal, mas foi difícil. E tinha de usar um expansor da nova vagina, também muito desconfortável, e que usei nos 2 meses iniciais, dia e noite, e após, todas as noites, por seis meses. Depois disso, tinha de introduzi-lo diariamente por longo tempo (até hoje). Quando pude deixar de usar esse expansor permanente da neo-vagina, tive coragem de me examinar cuidadosamente com um espelho. Ainda havia algum edema e algumas manchas roxas, mas gostei do que vi. Meus países baixos ficaram com aspecto muito semelhante ao de uma mulher normal. Ainda faltava algumas pequenas cirurgias. Como disse um dos médicos, não há um padrão para o aspecto dessa parte das mulheres; nesse particular, cada mulher é diferente de outra... O melhor de tudo foi poder urinar sentado como qualquer mulher além do prazer de olhar e alisar minha virilha e saber que agora eu era igual às minhas colegas. Quando recebi alta dessa fase, fui a um shopping-center sem minha mãe e comprei um minúsculo fio-dental de jeans, sabendo que minha mãe jamais me deixaria usá-lo em público. Para mim foi a glória usá-lo na frente do espelho do banheiro. E o usei como soutien e calcinha, escondido de minha mãe. (CONTINUA EM SOU QUASE MULHER PARTE 2)
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