O Elixir Real
Atendendo ao pedido de meu pai, adentro a sala do trono em forçada reverência. Com as mãos cerradas a frente do corpo, como em respeito, tento ocultar os efeitos que a recente cena presenciada provocou na região abaixo do abdômen. No entanto, a tarefa se mostrou desnecessária iludir meu Pai.
- Sei que estava nos observando - disse o rei-. A virilidade desta casta não é possível disfarçar. Porém, essa é também nossa maldição. Quando era de sua idade eu não perdia a oportunidade de me deitar com uma mulher. Sentir o cheiro de seus cabelos, de sua pele, o gosto de cada lábio do reino. Decorar nos dedos o contorno de cada vagina e suas camadas. Sentir a resistência de cada ânus. Explorar com o meu membro a profundidade de cada um daqueles orifícios enquanto elas gemiam e se contorciam...
A lista parecia interminável e se aprofundava em detalhes. Para quem acabara de se saciar poderia soar casual, mas para mim se mostrava desconfortavelmente excitante, tanto que perdi a noção de por quanto tempo ouvi antes de ele chegar a conclusão do raciocínio.
- Mas não deve se perder apenas nessas coisas - tarde demais para mim -. Deve preservar a integridade de nosso reino e preservar a linhagem nobre de nossa família.
- Diz aquele que se trouxe uma camponesa para ocupar o lugar da rainha - digo sem perceber que era ouvido.
- Respeite seu pai. Não pense que seu rei é um tolo. Posso me deitar com qualquer prostituta que nossa linhagem permanecerá intacta. Os sábios da floresta conhecem rituais antigos que impedem um homem de gerar descentes mas mantém sua virilidade. Eu decide me submeter a esses rituais após a morte de sua mãe e não me arrependo.
- E sua rainha sabe disso? Certamente ela está bem empenhada em conceber um herdeiro.
- Eu não ousaria contar - ri baixo para que a nova rainha não ouça -. Me agrada que ela tente - não conseguindo conter o sorriso largo -. De todas as maneiras e posições possíveis. Experimentando poções e prolongando a excitação por horas. Você precisa experimentar.
Surpreso, fica claro que já tive a honra de experimentar a tal poção, visto a estranha rigidez que meu membro sofrera durante todo o dia. É claro que isso eu não poderia contar a meu pai, pois restava a dúvida de como ingeri tal poção. Há o risco de que os sonhos que me despertaram pela manhã sejam lembranças que luxúrias reais? No entanto meu pai interrompe meus pensamentos.
- Sei que está imaginando. O segredo está misturado àquela garrafa de vinho sobre a mesa de refeições. Se não acredita, vá lá experimente.
Deixo meu pai por uns instante e me direciono ao salão de refeições. Encontro a garrafa sobre a mesa e dou um gole, já imaginando a orgia que promoveria em meus aposentos naquela noite. Não sabendo exatamente o tempo de ação do elixir, creio ser prudente retornar ao encontro do rei para maiores esclarecimentos. A orientação, no entanto, se torna impossível, pois assim que retorno eu encontro meu pai se esvaindo em rio de sangue, jorrando de um corte profundo em seu pescoço. Tento estancar de todas as formas e cubro minhas mãos com seu sangue. De nada adianta, apenas vejo sua face perder a cor na tentativa vã de dizer suas últimas palavras.
- Pai! Pai... - suplícios -.
Não há nenhuma outra palavra que possa ser dita nessa hora amarga. Acreditava ser aquele o pior momento de minha existência, mas ele apenas começava. Naquele instante a rainha entrara no salão e chamava os guardas aos gritos:
- Guardas! Ele matou o rei! O príncipe Arthur matou o rei!
A cena falava por si. Sem ter condições de explicar, apenas corro o mais rápido que posso. Desvio dos guardas e subo em meu cavalo, partindo rumo ao vilarejo, não sem antes ser atingido no ombro por uma flecha. Mesmo com a dor da perfuração, sinto que o elixir começa a mostrar seus efeitos.
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